tag:blogger.com,1999:blog-38481041864726383502024-03-13T00:06:55.369-07:00Ecos do EspiritoRui Melgãohttp://www.blogger.com/profile/05832363170434447839noreply@blogger.comBlogger14125tag:blogger.com,1999:blog-3848104186472638350.post-87183177187968390792009-03-17T04:29:00.000-07:002009-03-17T04:31:22.786-07:00Marx contra Marx<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgd0IFSHYFV7M8p1UmGHhboqSMRunKwgAVh2_p-BMzsn0g-v6t7zSiGHs4WF8I6YWwGHARN8VAgOIwwF4-2p4IVSOU1fb8247BNMOR0hpaQUFyE94iWKYW_fho6VioMNcKzsdte4CXfQoY/s1600-h/2879457781_e2cf6f93f4_b.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 211px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgd0IFSHYFV7M8p1UmGHhboqSMRunKwgAVh2_p-BMzsn0g-v6t7zSiGHs4WF8I6YWwGHARN8VAgOIwwF4-2p4IVSOU1fb8247BNMOR0hpaQUFyE94iWKYW_fho6VioMNcKzsdte4CXfQoY/s320/2879457781_e2cf6f93f4_b.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5314117824269617442" /></a><br /><br /><br /><br />Anselmo Borges<br />Padre e professor de Filosofia <br />Foi no contexto da queda do muro de Berlim, em 1989, que F. Fukuyama publicou, em 1992, a obra famosa O Fim da História, segundo a qual, depois do fim da União Soviética e a libertação dos países satélites, por causa da falência do comunismo, a democracia liberal e a economia de mercado se imporiam por si ao mundo inteiro. Mas, em 2008, outro politólogo americano, R. Kagan, escreveu também um livro, mas com o título: O Regresso da História e o Fim dos Sonhos.<br /><br />Fukuyama enganou-se. O fim da História não se impôs com a democracia e a economia de mercado. O terrorismo global é ameaça constante. "No domínio da economia, não vivemos propriamente a difusão do bem-estar geral; pelo contrário, o abismo entre ricos e pobres no mundo é mais fundo do que nunca", escreve Reinhard Marx, arcebispo de Munique e autor do best- seller com o mesmo título do do seu homónimo: Das Kapital (O Capital). Mil milhões de pessoas dispõem de apenas um dólar por dia. Mais de 850 milhões passam fome. Morrem por dia umas 24 mil em consequência da subnutrição. <br /><br />Há quem pense que Karl Marx tinha razão. Reinhard Marx, porém, reconhece que o capitalismo está hoje sob pressão de justificação, mas recusa o marxismo. De facto, a História mostrou-nos como foi terrífica a Revolução de Outubro de 1917, ao mergulhar muitos milhões de pessoas na noite mais escura. "Isso nunca mais se pode repetir." <br /><br />Então, quando se considera a presente crise, de consequências imprevisíveis, se se quiser evitar a tentação marxista e as barricadas da revolução, não se pode continuar a caminhar no sentido da absolutização do capital e dos seus interesses. "Eu defendo a propriedade e os direitos dos proprietários", mas o capital não pode ser o bezerro de ouro à volta do qual todos dançam. "O trabalho e os trabalhadores têm primazia sobre o capital." A dignidade da pessoa humana tem de ocupar o lugar central. A economia não é fim em si mesma, pois tem de estar ao serviço das pessoas.<br /><br />O que a crise financeira internacional de 2008 nos veio mostrar de modo absolutamente claro é que nos precipitamos para o abismo, quando "se excluem do mercado a moral e a ética e se pensa que se pode renunciar a uma ordem política do Estado que mantenha os movimentos do mercado dentro de regras ao serviço do bem comum".<br /><br />O Estado social não pode ser algo apenas remanescente, após bons negócios. "O Estado social é uma condição necessária, não só moral, mas também política e económica, para a manutenção da economia de mercado." <br /><br />É preciso distinguir entre capitalismo e economia de mercado. Se os interesses do capital continuarem a ser a única orientação para a economia, então pessoas esmagadas por essa trituradora serão tentadas a refugiar-se nas utopias marxistas. Para evitar a tentação, é necessário lutar por uma economia de mercado que dê espaço a "uma solidariedade institucionalizada num Estado social que funcione, e que funcione na perspectiva do 'bem-estar mundial'".<br /><br />O célebre Prémio Nobel de Economia J. Stiglitz descreveu a ambivalência da globalização em duas obras: As Sombras da Globalização, em 2002, a que se seguiu, em 2006, As Chances da Globalização. Seja como for, a globalização é um facto e, por isso, o bispo Marx, ao falar na necessidade de novas regras para o capitalismo, refere a exigência moral de uma solidariedade global, que é "também um mandamento da inteligência política". Precisamos de uma economia global, social e ecológica, de mercado.<br /><br />Na sua obra, o bispo concretiza exigências. Dado o vínculo entre a pobreza material e a pobreza de formação, impõe-se o acento na educação e na formação: "A tentação de combater a pobreza apenas com dinheiro não teve sucesso." "A democracia precisa de virtudes", e isso significa, por exemplo, limite para os rendimentos dos executivos e que os políticos têm de decidir em função do bem comum e não dos interesses de determinadas empresas a eles ligados. É necessária uma nova ordem política mundial, tendo-se imposto o conceito Global Governance, para criar um novo sistema de instituições e regras no contexto dos desafios globais.Rui Melgãohttp://www.blogger.com/profile/05832363170434447839noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-3848104186472638350.post-90248082477190399162008-10-30T10:23:00.000-07:002008-10-30T10:28:14.740-07:00HINO À CARIDADE<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgsJn29iN1jvDvV9nOizc374beU3H7wV0LDtUYQJ1NQhcEoXzkYrBmgilFaskdJDKdKRHk5xLfN2VhUuSpkkL8H1yjCp7hn-Yp_ah8DeV11pgF2ky4fWZDQ6Uskb1NSEKmjwctIwLalm2g/s1600-h/_resized_sao_paulo.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 400px; height: 283px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgsJn29iN1jvDvV9nOizc374beU3H7wV0LDtUYQJ1NQhcEoXzkYrBmgilFaskdJDKdKRHk5xLfN2VhUuSpkkL8H1yjCp7hn-Yp_ah8DeV11pgF2ky4fWZDQ6Uskb1NSEKmjwctIwLalm2g/s400/_resized_sao_paulo.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5263000024302638274" /></a><br /><br /><br />Ainda que eu fale a língua dos anjos e dos homens,<br /><br />Se não tiver caridade, sou como o bronze que ressoa<br /><br />Ou como o címbalo que tine.<br /><br />Ainda que eu tenha o dom da profecia<br /><br />E conheça todos os mistérios e toda a ciência,<br /><br />Ainda que possua a fé em plenitude,<br /><br />A ponto de transportar montanhas,<br /><br />Se não tiver caridade, nada sou.<br /><br />Ainda que distribua todos os meus bens em esmolas<br /><br />E entregue o meu corpo a fim de ser queimado,<br /><br />Se não tiver caridade, de nada me aproveita.<br /><br />A caridade é paciente,<br /><br />A caridade é benigna, não é invejosa;<br /><br />A caridade não se ufana, não se ensoberbece,<br /><br />Não é inconveniente, não procura o seu interesse,<br /><br />Não se irrita, não suspeita mal,<br /><br />Não se alegra com a justiça, mas rejubila com a verdade.<br /><br />Tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.<br /><br />A caridade nunca acabará.<br /><br />As profecias desaparecerão,<br /><br />As línguas cessarão e a ciência findará,<br /><br />Porque a nossa ciência é imperfeita.<br /><br />Mas quando vier o que é perfeito,<br /><br />O que é imperfeito será abolido.<br /><br />No tempo em que eu era criança,<br /><br />Falava como criança, raciocinava como criança;<br /><br />Mas, quando me tornei homem,<br /><br />Eliminei as coisas de criança.<br /><br />Hoje vemos, como por um espelho,<br /><br />De maneira confusa,<br /><br />Mas então veremos face a face.<br /><br />Hoje conheço de maneira imperfeita:<br /><br />Então, conhecerei exactamente,<br /><br />Como também sou conhecido.<br /><br />Agora subsistem estas três:<br /><br />a fé, a esperança e a caridade;<br /><br />Mas a maior delas é a caridade.<br /><br />(São Paulo, 1ª Carta aos Coríntios,13)Rui Melgãohttp://www.blogger.com/profile/05832363170434447839noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-3848104186472638350.post-90381489304656948382008-09-24T02:32:00.000-07:002008-09-24T02:39:34.938-07:00A fraqueza de Deus é mais forte que todos os homens<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj22KDQWSJFE7n635JRNIiGrns9Z3A3yjVvKSnSXetenyLGLIPw01Ys92rNZtXWA2iRlG15GiwI6JHEvKuDALRbwGN35tmm3447DeA6k8NUD7jB2Ynm3T3Ltc6lsdJKuzXJdJL1QaCHuqc/s1600-h/s+joao+cris.bmp"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj22KDQWSJFE7n635JRNIiGrns9Z3A3yjVvKSnSXetenyLGLIPw01Ys92rNZtXWA2iRlG15GiwI6JHEvKuDALRbwGN35tmm3447DeA6k8NUD7jB2Ynm3T3Ltc6lsdJKuzXJdJL1QaCHuqc/s320/s+joao+cris.bmp" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5249519010621113458" /></a><br />S. João Crisóstomo (c. 345-407), bispo de Antioquia depois de Constantinopla, doutor da Igreja <br />4ª homilia sobre a 1ª epístola aos Coríntios <br /><br /><br />«A tua majestade suprema é proclamada pela boca das crianças, dos pequeninos» (Sl 8,3)<br /><br /><br />A cruz conquistou os espíritos no meio de pregadores ignorantes, e isso no mundo inteiro. Não se tratava de questões banais, mas de Deus e da verdadeira fé, da vida segundo o Evangelho, e do julgamento futuro. A cruz transformou, pois, em filósofos, pessoas simples e iletradas. Eis como: «a loucura de Deus é mais sábia que o homem, e a sua fraqueza, mais forte» (1 Co 1,25).<br /><br />Como é que é mais forte? Porque se propaga pelo mundo inteiro, porque submeteu os homens ao seu poder e resiste aos inumeráveis adversários que gostariam de ver desaparecer o nome do Crucificado. Pelo contrário, esse nome desabrochou e propagou-se; os seus inimigos pereceram, desapareceram; os vivos que combatiam um morto foram reduzidos à impotência... Com efeito, o que publicanos e pecadores conseguiram vencer pela graça de Deus, os filósofos, os oradores, os reis, em breve, a terra inteira, em toda a sua extensão, não foi sequer capaz de o imaginar... Era pensando nisso que o apóstolo Paulo dizia: «A fraqueza de Deus é mais forte que todos os homens». De outro modo, como teriam podido esses doze pecadores pobres e ignorantes imaginar uma tal empresa?Rui Melgãohttp://www.blogger.com/profile/05832363170434447839noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3848104186472638350.post-7993688507224079422008-07-08T02:25:00.000-07:002008-11-13T11:53:41.570-08:00É a fragilidade que é fundadora<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh55dHbz58DIzsNjf0x_jTtn1ybKPrjah6amQZ8WYMKQ7vfYMT5ijgvlJviEwhe_abwAvG752WFPvwnUUoY_N_oTg_iYj0-Cz6Rgrara9XpoHsKhLLjYsnXeIpmu8L40QvmnitPnWxQ5QI/s1600-h/Photo%2520001.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh55dHbz58DIzsNjf0x_jTtn1ybKPrjah6amQZ8WYMKQ7vfYMT5ijgvlJviEwhe_abwAvG752WFPvwnUUoY_N_oTg_iYj0-Cz6Rgrara9XpoHsKhLLjYsnXeIpmu8L40QvmnitPnWxQ5QI/s320/Photo%2520001.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5220578946120441522" /></a><br />É a fragilidade que é fundadora <br /><br /><strong>O sentido profundo <br />do ser humano </strong><br />Jean Vanier <br />Fundador da “ARCA” Internacional <br /> <br /> <br />A eficácia a produtividade e o culto do sucesso pessoal alimentam a <br />angústia o desprezo do outro e o isolamento dos indivíduos. <br />Na ARCA retirada da sociedade de competição as pessoas que têm uma <br />deficiência ensinam-nos e revelam-nos um outro sentido do ser humano. <br /><br /> <br />Na nossa sociedade de competição só <br />alguns conseguem ganhar e muitos <br />perdem. Se não consigo ganhar entro <br />em angústia. E a cultura de competição <br />está de tal maneira omnipresente que <br />o meu desejo de ganhar continua a ser <br />o mais forte... Deste ponto de vista <br />considero a análise de Jacques <br />Généreux 1 excelente. <br />Os que não conseguem ser bem <br />sucedidos entram em angústia e em <br />depressão e a depressão conduz à <br />violência. É o que se passa nos <br />subúrbios das grandes cidades onde a <br />violência de grupos de jovens é o <br />produto das suas angústias. Os pais não <br />têm trabalho as condições habitacionais <br />não são boas, os jovens abatidos <br />encontram-se em grupos e passam do <br />abatimento à violência. O paradoxo é <br />que mesmo se somos contra a <br />competição temos que encorajar os <br />jovens a procurar um trabalho e a <br />estudar; temos que ajudar as pessoas a <br />integrarem-se nesta cultura de <br />competição para que não fiquem <br />demasiado angustiadas e por consequência<br /> violentas; para que consigam <br />encontrar um equilíbrio nas suas <br />vidas… <br /> <br />Vivemos num mundo paradoxal. O que <br />fazer então? <br /> <br />A ARCA um lugar de amizade <br /> <br />É cada vez mais frequente encontrar <br />jovens casais de 30–40 anos que estão <br />cansados desta cultura da competição. <br />São obrigados a trabalhar muito a <br />fazer longas horas de viagem e no fim <br />sentem-se muito cansados e sentem <br />que a sua família está em perigo. Estes <br />jovens casais pedem para vir trabalhar <br />para a ARCA e aceitam salários muito <br />mais baixos porque procuram um lugar <br />onde possam viver humanamente. <br />Nesta sociedade da competição a <br />minha esperança é criar lugares de <br />escuta de amizade e de acolhimento <br />mútuo. O que conta é criar lugares <br />onde se vive com humanidade. Mas não <br />tenho uma solução já pronta. Vamos <br />caminhando vamos tentando compreender<br /> vamos procurando. <br /> <br />Uma pertença comum <br /> <br />A análise de Généreux toca a de <br />Zymunt Bauman 2 . Este sociólogo <br />analisa a evolução das nossas sociedades <br />que no passado eram <br />constituídas por grupos fechados por <br />exemplo religiosos ou nacionais cujo <br />perigo era abafar a liberdade. A <br />resposta a esta pressão foi a insistência <br />no individualismo mas este <br />individualismo provocou uma erosão da noção de pertença o que gera <br />angústia. O estímulo do sucesso <br />provoca o desprezo do outro. A cultura <br />da competição é de tal forma invasora <br />e omnipresente nomeadamente nos <br />media, que consegue extinguir o desejo <br />de criar laços. Bauman fala duma luta <br />interior quotidiana contra as <br />compulsões sociais de sucesso pessoal e <br />da ambição. É praticamente todas as <br />manhãs que os indivíduos têm que <br />escolher de pertencer ainda aos seus <br />grupos! Perdemos os valores da <br />pertença uma pertença que eu <br />chamaria de pertença a uma <br />umanidade comum. Creio que é <br />preciso reencontrar a pertença ao seu <br />grupo para tomar consciência da <br />pertença a uma globalidade comum. <br />O perigo do ser humano é fechar-se em <br />preconceitos. Martin Luther King <br />interrogava-se porque é que cada um <br />de nós se põe tão depressa a desprezar <br />o outro. É evidente que ele tinha <br />experimentado muitas vezes este <br />desprezo da parte dos brancos. O <br />desprezo é como uma espécie de <br />movimento: se alguém me despreza <br />eu desprezo-o por meu lado também. <br />Os Brancos desprezavam os negros e <br />ao mesmo tempo os negros <br />desprezavam-se entre si. Para M.L.King <br />continuamos a desprezar o outro ou <br />desprezar um grupo enquanto não <br />conseguirmos acolher aquilo que é <br />desprezível em nós. A única maneira <br />de sair disto para cada um de nós é <br />reconhecer aceitar e mesmo amar <br />aquilo que é desprezível em nós. A <br />ARCA nasceu dum mundo de desprezo <br />do outro. Acolhemos as pessoas que <br />foram desprezadas porque têm uma <br /> deficiência. As pessoas que vêm para a <br />ARCA sofrem em primeiro lugar de <br />rejeição e de dificuldades em <br />encontrar o seu lugar na vida. Cada <br />pessoa que veio para aqui sofreu na <br />pele a rejeição. Estou a pensar numa <br />rapariga do meu lar. Tem 23 anos e <br />não tem uma deficiência muito <br />marcada sofre muito mais dum a <br />deficiência social: sem escolaridade <br />nunca conheceu os pais terá sido <br />batida pela sua ama… E nós aqui <br />estamos para lutar contra as lacunas da <br />educação da vida familiar das <br />competências sociais… Será que <br />seremos capazes de a ajudar a <br />aprender uma profissão a casar? Não <br />sei mas deveremos acompanhar o seu <br />sofrimento. <br /> <br />A vida como uma passagem <br /> <br />Cada um de nós precisa de provar que <br />é alguém que é capaz de fazer coisas <br />de ser competente e reconhecido pelo <br />que faz… Ser um bom médico um bom <br />enfermeiro é importante é evidente. <br />“Entramos pequeninos na vida e morremos <br />pequeninos” <br /><br />Mas á outra coisa em mim. Preciso de <br />me sentir amado não por causa das <br />min as capacidades mas por causa <br />daquilo que sou e isso é muito mais <br />profundo. <br />Um dos meus amigos que é médico um <br />dos pioneiros dos cuidados paliativos <br />nos Estados Unidos e no Canadá teve <br />que tratar dum grande gansgster que <br />tin a um cancro. Vi fotografias dele <br />quando estava de boa saúde e outras <br />quando estava doente. Aquele omem <br />muito poderoso era um dos c efes da <br />máfia nos Estados Unidos e tornou-se <br />progressivamente tão frágil como um <br />bebé pequeno precisando de se sentir <br />amado tocado… <br />Entramos pequeninos na vida e <br />morremos pequeninos quer queiramos <br />quer não… A minha irmã que tem 84 <br />anos na sequência duma baixa de <br />tensão caiu e bateu com a cabeça. Foi <br />hospitalizada e disseram-lhe que não <br />podia morar sozinha em sua casa. <br />Médica e intelectualmente muito forte <br />trabalhou mais de 25 anos nos cuidados <br />paliativos. Hoje vive na casa das <br />Irmãzin as dos Pobres de Londres. <br />Toma todas as suas refeições com <br />pessoas que têm a doença de <br />Alzheimer. Médica dos cuidados <br />paliativos passou agora para o outro <br />lado. É uma passagem bem rude. Eu <br />próprio tenho agora 79 anos e no meu <br />lar as pessoas por quem era <br />responsável tornaram-se responsáveis <br />por mim. Dizem-me – Jean estás <br />cansado não vais lavar a loiça… A vida <br />é uma passagem da vulnerabilidade à <br />vulnerabilidade. O sentido profundo do <br />ser humano é o acolhimento da sua <br />vulnerabilidade. <br />A maior parte dos jovens que passam <br />pela ARCA ficam transformados pela <br />sua relação com as pessoas com uma <br />deficiência. Descobrem neles novas <br />energias no contacto com as pessoas <br />mais frágeis principalmente a energia <br />da compaixão e da bondade. Não <br />somos nós que vamos transformar as <br />pessoas que têm uma deficiência ou <br />que são excluídos são eles que vão <br />revelar-nos. Podem fazer bem a muitas <br />pessoas que não parecem estar a <br />sofrer mas que vivem escondidos atrás <br />de paredes grossas. As pessoas <br />vulneráveis têm algo a ensinar-nos <br />sobre o ser humano. <br /> <br />Da competição à relação <br /> <br />Estamos numa sociedade onde humano <br />quer dizer eficácia rapidez <br />capacidade de realização… O sentido <br />do humano está a perder-se. É o drama <br />de muitas pessoas idosas que entram <br />em depressão porque ignoram o <br />sentido profundo do ser humano que é <br />o acolhimento da vulnerabilidade. Uma <br />rapariga de Fé e Luz 4 confidenciou-me <br />um dia: “Comecei a frequentar pessoas <br />que tinham uma deficiência e a minha <br />visão do mundo mudou”. Para mim <br />toda a questão humana está nesta <br />transformação. <br />Conheci em tempo um homem de <br />negócios muito bem sucedido cujo filho <br />era psicótico. Foi a única vez na sua <br />vida onde ele teve que admitir que não <br />podia controlar a situação e que <br />precisava de ajuda. Descobriu outras <br />famílias que tinham filhos psicóticos e <br />isso levou-o a uma conversão uma <br />transformação. <br /> <br />O que é que provoca esta <br />transformação? O que é que leva um <br />grande patrão a acolher a sua <br />vulnerabilidade? Porque é que há <br />assistentes que vêm viver para a ARCA <br />com pessoas com deficiência <br />recebendo salários tão baixos? E isto <br />numa cultura que nos pede para <br />sermos fortes capazes e competitivos?<br /> <br />O que é que vai ajudar uma pessoa a <br />deixar de estar na cultura da <br />competição para entrar na cultura da <br />relação e do acolhimento do outro? <br />Esta é para mim a grande questão… <br />Acolher-me a mim próprio como eu <br />sou não é só reconhecer a minha <br />vulnerabilidade é também descobrir <br />que posso dar vida aos outros. O mais <br />importante no ser humano é talvez <br />poder dar alegria aos outros. É a <br />fecundidade. O drama da nossa <br />sociedade é que as pessoas não têm <br />que ser fecundas mas sim produtivas e <br />eficazes. <br /> <br />Lugares de comunhão <br /> <br />A única coisa que conta é a comunhão: <br />quando eu me torno vulnerável em <br />relação a ti e tu em relação a mim; <br />quando eu deixo de ter poder sobre ti <br />e tu sobre mim mas damos vida um ao <br />outro. <br />Como criar situações onde eu aceito <br />ser quem sou? Onde não tenho que <br />fingir que sei mais ou fazer de conta? <br />Como ser feliz junto com outro? Eu <br />como sou vocês como são cada um <br />com a sua idade e fragilidades… <br /> <br />Como celebrar a vida? Uma das coisas <br />mais importantes na ARCA é a nossa <br />maneira de celebrar de nos sentirmos <br />felizes uns com os outros brincar <br />dançar… Aquilo que impressiona mais <br />as pessoas que nos visitam na ARCA é <br />que é um lugar de celebração. È <br />preciso criar lugares de celebração <br />onde as pessoas sentem que têm <br />direito a ser elas próprias. <br /><br />1 Jacques Généreux La Dissociété Ed. SEUIL 2006. Nota da Tradutora. <br />2 Zymunt Bauman Liquid Love On t e Frailty of Human Love Cambridge Polity 2003 NT <br /><br />Tradução de: Cahiers de la Reconciliation nº 1 – 2008 <br /><br />Este texto foi transcrito duma <br />intervenção numa sessão de formação da MIR <br />5 em Trosly em Fevereiro de 2007Rui Melgãohttp://www.blogger.com/profile/05832363170434447839noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-3848104186472638350.post-22940701993320160252008-05-07T06:28:00.001-07:002008-11-13T11:53:41.737-08:00Chamo-Te...<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEguEGRBXO9dYBr5ne5CKr-y8EG6be04p-BX9zIsRoA3x-Z6_ZtAN9cROgy_2lfyalitwwUveSFsysTBbcX02-YJbtDITjQMHm-1No_77DAJqvG844r-Yc-b0Nk6pheVAxXOtjJk9SGKRCI/s1600-h/HPIM4176.JPG"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEguEGRBXO9dYBr5ne5CKr-y8EG6be04p-BX9zIsRoA3x-Z6_ZtAN9cROgy_2lfyalitwwUveSFsysTBbcX02-YJbtDITjQMHm-1No_77DAJqvG844r-Yc-b0Nk6pheVAxXOtjJk9SGKRCI/s320/HPIM4176.JPG" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5197627843295935618" /></a><br />Chamo-Te porque tudo está ainda no princípio <br />E suportar é o tempo mais comprido. <br /><br />Peço-Te que venhas e me dês a liberdade, <br />Que um só dos teus olhares me purifique e acabe. <br /><br />Há muitas coisas que eu quero ver. <br /><br />Peço-Te que sejas o presente. <br />Peço-Te que inundes tudo. <br />E que o teu reino antes do tempo venha. <br />E se derrame sobre a Terra <br />Em primavera feroz pricipitado.<br /><br /><strong>Sophia de Mello Breyner Andresen </strong>Rui Melgãohttp://www.blogger.com/profile/05832363170434447839noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-3848104186472638350.post-25668510446530098432008-05-02T08:20:00.000-07:002008-11-13T11:53:41.955-08:00Maio<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjJm-CHTB0ntGewvKBnw5OSAPmZptCxy9zK1iyl_66naRuJ7HeDx1r6zbhISUFcLbTFkLCjPNge5e2fHtQv2f2OhPiR_HWYM-xycbVma15YhW7eqWEo25SbtaZhht9SxRCUlZAqzi_C4gY/s1600-h/f+nada.bmp"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjJm-CHTB0ntGewvKBnw5OSAPmZptCxy9zK1iyl_66naRuJ7HeDx1r6zbhISUFcLbTFkLCjPNge5e2fHtQv2f2OhPiR_HWYM-xycbVma15YhW7eqWEo25SbtaZhht9SxRCUlZAqzi_C4gY/s320/f+nada.bmp" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5195801277340882594" /></a><br />Meditação de Maio - Taizé<br />Salmo 23: Nada nos falta<br /> <br />O Senhor é meu pastor: nada me falta.<br />Em verdes prados me faz descansar<br />e conduz-me às águas refrescantes.<br />Ele reconforta a minha alma.<br /> <br />Ele guia-me por caminhos rectos, por amor do seu nome.<br />Ainda que atravesse vales tenebrosos,<br />de nenhum mal terei medo<br />porque Tu estás comigo.<br />A tua vara e o teu cajado dão-me confiança.<br /> <br />Preparas a mesa para mim<br />à vista dos meus inimigos;<br />ungiste com óleo a minha cabeça;<br />a minha taça transbordou.<br /> <br />Na verdade, a tua bondade e o teu amor<br />hão-de acompanhar-me todos os dias da minha vida,<br />e habitarei na casa do Senhor<br />para todo o sempre.<br /> <br />(Salmo 23)<br /> <br />Para muitos crentes através dos tempos, o salmo 23 tem ocupado lugar de eleição. A confiança serena desta oração, as imagens simples que utiliza (os prados, a água, a sombra, uma mesa) para expressar o modo como Deus acompanha os crentes através de grandes dificuldades, tornaram-no querido para muitos, e capaz de ser lido e relido em momentos muito diferentes da vida. Poucas orações nos parecem tão universais.<br /><br />A imagem apresentada no primeiro versículo orienta todo o salmo: «O Senhor é meu pastor: nada me falta». Que força emana desta afirmação! «Nada» diz o salmista! Como é possível? – perguntamos nós. Logo a seguir, o texto faz-nos mergulhar num ambiente de frescura vivificante. O pastor sabe como fazer revigorar o seu rebanho, ao conduzi-lo aos locais onde se poderá alimentar. E, deste modo, faz avançar as suas ovelhas. A vida do rebanho reside num movimento que se renova sem cessar, constantemente retomado.<br /><br />Os versículos seguintes evocam em duas ocasiões perigos importantes. É verdade: um pastor não afasta o seu rebanho do perigo, mas fá-lo atravessar pelo meio desse perigo. Em primeiro lugar, tratam-se de vales tenebrosos, de onde a morte parece não estar longe. Deus está lá, afirma o salmista, mas no escuro. Como se os olhos já não conseguissem ver nada, e apenas fôssemos capazes de ouvir. O cajado bate no chão, única prova para as ovelhas de que o pastor está sempre presente. Depois, há uma transição abrupta: Deus prepara uma mesa em que o crente se encontra à vista dos inimigos. O acolhimento é entusiástico. Deus consegue que não se trate de um confronto mas de uma autêntica festa.<br /><br />Nos últimos versículos, o salmista encontra-se numa estrada: é a vida que parece retomar o seu curso «normal». Mas, em vez ser conduzido para a frente, o salmista é como que «empurrado» por trás. Os dons de Deus, a bondade e o amor, seguem-no até ao seu destino, a própria casa de Deus, onde o salmista poderá viver numa intimidade eterna com ele.<br /><br /> A que acontecimentos ou situações da minha vida me fazem pensar as imagens presentes neste salmo?<br /><br /> Como podemos avançar no meio das dificuldades? Como nos deixamos revigorar por Deus?Rui Melgãohttp://www.blogger.com/profile/05832363170434447839noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-3848104186472638350.post-1518303863966815202008-04-22T06:13:00.000-07:002008-11-13T11:53:42.068-08:00Uma reconciliação urgente<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjphr6arO1qq8TgAx6Z-tYBs17NkxXyXwc2p4RIRlopsyL-aZO8nx7mDhbmstsddtTwy3zWADBXhxYcdFNgerPKO2odOxT-_v9Z1sl2m7vuiba1GzkMgK27jAGKrlC3ANQKGTe1QnlOkzI/s1600-h/jesus_ami_pf.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjphr6arO1qq8TgAx6Z-tYBs17NkxXyXwc2p4RIRlopsyL-aZO8nx7mDhbmstsddtTwy3zWADBXhxYcdFNgerPKO2odOxT-_v9Z1sl2m7vuiba1GzkMgK27jAGKrlC3ANQKGTe1QnlOkzI/s320/jesus_ami_pf.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5192057616341964210" /></a><br />2008<br />Abril / <strong>Taizé<br /></strong>Mateus 5,23-24: Uma reconciliação urgente<br /><br />Jesus disse: «Se fores, portanto, apresentar uma oferta sobre o altar e ali te recordares de que o teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa lá a tua oferta diante do altar, e vai primeiro reconciliar-te com o teu irmão; depois, volta para apresentar a tua oferta.» (Mateus 5,23-24)<br /><br />Acolhendo-nos, Deus dá-nos a paz. Mas a paz de Deus não anestesia. A palavra do Evangelho não pode deixar-nos tranquilos. Se diante do altar, diz Jesus, que quer dizer em presença de Deus, «te recordares de que o teu irmão tem alguma coisa contra ti», deixa tudo e «vai primeiro reconciliar-te».<br /><br />A palavra de Jesus mexe connosco. Ela encoraja-nos mesmo a permitir que nos acorram lembranças difíceis: «Se te recordares de que o teu irmão tem alguma coisa contra ti…» A paz de Deus não leva a esquecer as tensões, os conflitos, as situações de injustiça.<br /><br />Uma lembrança difícil pode ser uma palavra ou um gesto que me magoaram. Pode ser também a descoberta de que sou eu a causa, real ou imaginária, de um sofrimento numa outra pessoa, ou de que alguém «tem algo contra mim», como diz Jesus. O Evangelho chama-nos a ousar enfrentar tais situações.<br /><br />Para dar um primeiro passo no sentido da reconciliação não são necessários longos preparativos. Jesus diz mesmo que não é necessário «apresentar primeiro a sua oferta», não é necessário acabar bem a sua oração. Ele diz-nos: Deixa lá a tua oferta, vai já, agora, reconciliar-te. Tal como és, podes reconciliar-te com o teu irmão.<br /><br />Porquê esta urgência da reconciliação? Porque é que Jesus é tão categórico? É que Deus é paz. Procurar Deus e procurar a paz é uma coisa só. É por isso que o Evangelho nos chama a dar prioridade à reconciliação. Cristo convida-nos a comprometer-nos e a lutar com um coração reconciliado.<br /><br />Para avançar no caminho da reconciliação, é melhor renunciar a perguntar se não deveria ser o outro dar o primeiro passo. Jesus não diz: «Procura primeiro saber quem teve e quem não teve razão.» Ele diz: «Vai, agora, reconciliar-te.» Pois é assim que Deus age connosco. Sem impor condições, é ele quem, primeiro, vem ao nosso encontro.Rui Melgãohttp://www.blogger.com/profile/05832363170434447839noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-3848104186472638350.post-72865370702631636342008-04-22T01:52:00.000-07:002008-11-13T11:53:42.193-08:00Salvos Na Esperança<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjmcPhey6wG7yYIvOSSmK58SX1XfOe69xQMR_wS_vj652IkSmThK2_D8NnR2sMfkxubTMEi5i_KSj6cWjSdqxG3nRojRkCa-NdDtslvuFRL94-HWLhyhY7AksJs6UXUPFvdxmgmH5yk8Ig/s1600-h/geo_bakhita_estampa_1.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjmcPhey6wG7yYIvOSSmK58SX1XfOe69xQMR_wS_vj652IkSmThK2_D8NnR2sMfkxubTMEi5i_KSj6cWjSdqxG3nRojRkCa-NdDtslvuFRL94-HWLhyhY7AksJs6UXUPFvdxmgmH5yk8Ig/s320/geo_bakhita_estampa_1.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5191991907637302642" /></a><br /><br />O exemplo de uma santa da nossa época pode, de certo modo, ajudar-nos a entender o que significa encontrar pela primeira vez e realmente este Deus. Refiro-me a Josefina Bakhita, uma africana canonizada pelo Papa João Paulo II. Nascera por volta de 1869 – ela mesma não sabia a data precisa – no Darfur, Sudão. Aos nove anos de idade foi raptada pelos traficantes de escravos, espancada barbaramente e vendida cinco vezes nos mercados do Sudão. Por último, acabou escrava ao serviço da mãe e da esposa de um general, onde era diariamente seviciada até ao sangue; resultado disso mesmo foram as 144 cicatrizes que lhe ficaram para toda a vida. Finalmente, em 1882, foi comprada por um comerciante italiano para o cônsul Callisto Legnani que, ante a avançada dos mahdistas, voltou para a Itália. Aqui, depois de « patrões » tão terríveis que a tiveram como sua propriedade até agora, Bakhita acabou por conhecer um « patrão » totalmente diferente – no dialecto veneziano que agora tinha aprendido, chamava « paron » ao Deus vivo, ao Deus de Jesus Cristo. Até então só tinha conhecido patrões que a desprezavam e maltratavam ou, na melhor das hipóteses, a consideravam uma escrava útil. Mas agora ouvia dizer que existe um « paron » acima de todos os patrões, o Senhor de todos os senhores, e que este Senhor é bom, a bondade em pessoa. Soube que este Senhor também a conhecia, tinha-a criado; mais ainda, amava-a. Também ela era amada, e precisamente pelo « Paron » supremo, diante do qual todos os outros patrões não passam de miseráveis servos. Ela era conhecida, amada e esperada; mais ainda, este Patrão tinha enfrentado pessoalmente o destino de ser flagelado e agora estava à espera dela « à direita de Deus Pai ». Agora ela tinha « esperança »; já não aquela pequena esperança de achar patrões menos cruéis, mas a grande esperança: eu sou definitivamente amada e aconteça o que acontecer, eu sou esperada por este Amor. Assim a minha vida é boa. Mediante o conhecimento desta esperança, ela estava « redimida », já não se sentia escrava, mas uma livre filha de Deus. Entendia aquilo que Paulo queria dizer quando lembrava aos Efésios que, antes, estavam sem esperança e sem Deus no mundo: sem esperança porque sem Deus. Por isso, quando quiseram levá-la de novo para o Sudão, Bakhita negou-se; não estava disposta a deixar-se separar novamente do seu « Paron ». A 9 de Janeiro de 1890, foi baptizada e crismada e recebeu a Sagrada Comunhão das mãos do Patriarca de Veneza. A 8 de Dezembro de 1896, em Verona, pronunciou os votos na Congregação das Irmãs Canossianas e desde então, a par dos serviços na sacristia e na portaria do convento, em várias viagens pela Itália procurou sobretudo incitar à missão: a libertação recebida através do encontro com o Deus de Jesus Cristo, sentia que devia estendê-la, tinha de ser dada também a outros, ao maior número possível de pessoas. A esperança, que nascera para ela e a « redimira », não podia guardá-la para si; esta esperança devia chegar a muitos, chegar a todos.<br /><br />Texto tirado da: CARTA ENCÍCLICA<br />SPE SALVI<br />DO SUMO PONTÍFICE<br />BENTO XVI<br />AOS BISPOS<br />AOS PRESBÍTEROS E AOS DIÁCONOS<br />ÀS PESSOAS CONSAGRADAS<br />E A TODOS OS FIÉIS LEIGOS<br />SOBRE A ESPERANÇA CRISTÃRui Melgãohttp://www.blogger.com/profile/05832363170434447839noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3848104186472638350.post-49189428500366923332008-04-21T05:34:00.000-07:002008-11-13T11:53:42.261-08:00Missão<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgx5q0SWF8gnUz6fhDyikmCjzXYfcbZIsyZaYqr-Xkmj6SBls5FpbOUVpwpF1-j4OMm5gHckEL8s-uegoGZ5A5pXNn7IYcfgv1UyqTMjkYT5UHK3ekcL5sM-sKxPLbrWwc0F1eTYOWjYa4/s1600-h/dh.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgx5q0SWF8gnUz6fhDyikmCjzXYfcbZIsyZaYqr-Xkmj6SBls5FpbOUVpwpF1-j4OMm5gHckEL8s-uegoGZ5A5pXNn7IYcfgv1UyqTMjkYT5UHK3ekcL5sM-sKxPLbrWwc0F1eTYOWjYa4/s320/dh.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5191676765400420402" /></a><br />"Missão é partir, caminhar, deixar tudo, sair de si, quebrar a crosta do<br />egoísmo que nos fecha no nosso Eu. É parar de dar volta ao redor de nós<br />mesmos como se fossemos o centro do mundo e da vida. É não se deixar<br />bloquear nos problemas do pequeno mundo a que pertencemos: a humanidade é<br />maior. Missão é sempre partir, mas não devorar quilômetros. É, sobretudo,<br />abrir-se aos outros como irmãos, descobri-los e encontrá-los. E, se para<br />descobri-los e amá-los, é preciso atravessar os mares e voar lá nos céus,<br />então missão é partir até os confins do mundo". (Dom Hélder Câmera)Rui Melgãohttp://www.blogger.com/profile/05832363170434447839noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3848104186472638350.post-66553186014927966812008-04-15T06:23:00.000-07:002008-11-13T11:53:42.446-08:00A vida<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhg1fB9K7Xlq3RLQaz02tKFMBDu0R8pJ-wxrP6mZkveTb9dSwI_b6EY_UXkxpyWvgFPwV3zlxcnaS_ck-IfuZamOAETWevXoB_nifxWv2UkgFkUrgHMRs75Oyg2PVopZLg-g-crN92WQN4/s1600-h/39.gif"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhg1fB9K7Xlq3RLQaz02tKFMBDu0R8pJ-wxrP6mZkveTb9dSwI_b6EY_UXkxpyWvgFPwV3zlxcnaS_ck-IfuZamOAETWevXoB_nifxWv2UkgFkUrgHMRs75Oyg2PVopZLg-g-crN92WQN4/s320/39.gif" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5189462871853340978" /></a><br />A vida é uma oportunidade, aproveita-a. <br />A vida é beleza, admira-a. <br />A vida é beatificação, saborei-a. <br />A vida é sonho, torna-o realidade. <br />A vida é um desafio, enfrenta-o. <br />A vida é um dever, cumpre-o. <br />A vida é um jogo, joga-o. <br />A vida é preciosa, cuida-a. <br />A vida é riqueza, conserva-a. <br />A vida é amor, goza-a. <br />A vida é um mistério, desvela-o. <br />A vida é promessa, cumpre-a. <br />A vida é tristeza, supera-a. <br />A vida é um hino, canta-o. <br />A vida é um combate, aceita-o. <br />A vida é tragédia, domina-a. <br />A vida é aventura, afronta-a. <br />A vida é felicidade, merece-a. <br />A vida é a VIDA, defende-a.<br /><br />Madre Teresa de CalcutáRui Melgãohttp://www.blogger.com/profile/05832363170434447839noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3848104186472638350.post-47271727322764332412008-04-14T05:03:00.000-07:002008-11-13T11:53:42.671-08:00O MAR<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgn_sVPlQIpTnEpYVrxwqYQgTEmie7HMb74h6zd13yYp645-EG6dZLHVSBIEuLN4t1st2VdKS2Kwsx86w5bms0eK6I3je2xvD9Nf8tiHvVyxouTn9CUJ_sU5pdI0aM7rPuNFl9vqJT-2pc/s1600-h/mar2.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgn_sVPlQIpTnEpYVrxwqYQgTEmie7HMb74h6zd13yYp645-EG6dZLHVSBIEuLN4t1st2VdKS2Kwsx86w5bms0eK6I3je2xvD9Nf8tiHvVyxouTn9CUJ_sU5pdI0aM7rPuNFl9vqJT-2pc/s320/mar2.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5189070986152352034" /></a><br />O MAR <br />(Michel Quoist) <br /><br />As vidas eficazes nem sempre são aquelas que atraem a atenção. Não são as dos orgulhosos que se irritam com os obstáculos sem os conseguir ultrapassar. <br />As vidas humildes, sob o olhar de Deus, iluminadas pela Sua graça e irradiando para os outros, essas sim são sempre eficazes. <br /><br />»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»» <br /><br />« (1 Cor. XIII, 4-7) <br />A caridade é paciente, a caridade é benigna, não é invejosa; a caridade não se ufana, não se ensoberbece, não é inconveniente, não procura o seu interesse, não se irrita, não desconfia, não se alegra com a injustiça, mas rejubila com a verdade. Tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta». <br /><br />»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»»» <br /><br />“Vi, Senhor o mar escuro e impetuoso provocar os rochedos. <br />As ondas vinham de longe, tomavam ímpeto. <br />De pé, orgulhosas, elas saltavam, empurravam-se umas às outras, para se ultrapassarem e chegarem em primeiro lugar. <br />Quando a espuma branca desaparecia, deixando o rochedo intacto, elas tornavam a correr, para se lançarem de novo sobre as rochas. <br /><br />Vi, outro dia, o mar calmo e sereno. <br />As ondas vinham de muito longe, devagarinho, para não chamar a atenção. <br />Dando as mãos, elas deslizavam sem barulho e estendiam-se ao longo da areia, para chegar à margem, através dos seus belos dedos de espuma. <br />O sol acariciava-as docemente e, generosas, quando recebiam os seus raios, distribuiam a sua claridade. <br /><br />Senhor, faz com que evite os golpes desordenados, que fatigam e ferem, sem ajudar o outro. <br />Afasta de mim as cóleras espectaculares que chamam a atenção, mas deixam enfraquecido inutilmente. <br />Não permitas que, orgulhosamente eu queira ultrapassar os outros, deixando para trás os que caminham ao meu lado. <br />Afasta de mim o ar sombrio das tempestades vencedoras. <br /><br />Ao contrário, Senhor, faz com que, calmamente eu encha os meus dias, como as ondas que cobrem toda a praia. <br />Faz-me humilde como elas, embora silenciosas e doces elas avancem sem se fazer notar. <br />Faz com que acolha os meus irmãos e acompanhe o meu passo com o deles, para subirmos em conjunto. <br />Concede-me a perseverança triunfante das ondas. <br />Faz com que cada um dos meus recuos seja ocasião de novo avanço. <br />Dá ao meu rosto a claridade das águas límpidas, à minha alma, a brancura da espuma. <br />Ilumina a minha vida, como os raios do Teu sol fazem cantar a superfície das águas. <br /><br />Mas, sobretudo Senhor, faz com que eu não guarde só para mim esta Luz e que todos os que se aproximarem de mim, possam voltar ávidos de se banharem na Tua graça eterna”.Rui Melgãohttp://www.blogger.com/profile/05832363170434447839noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3848104186472638350.post-60971400110891236832008-04-08T09:04:00.000-07:002008-11-13T11:53:42.947-08:00Deixar este mundo um pouco melhor...<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjibwUvKBzskVA-4E8m2JDBO2fVYxp_XSZPOY3gyN_NcuumTwC4ckwgnSS_RWITTt9I81X0lDS0Ztzi_6u0NkxmBHCe1mZshGULLcOL945OC2gpfhK2Grc3xDeTcpeHOyaTzw9UxH0Tzoo/s1600-h/vigili4.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjibwUvKBzskVA-4E8m2JDBO2fVYxp_XSZPOY3gyN_NcuumTwC4ckwgnSS_RWITTt9I81X0lDS0Ztzi_6u0NkxmBHCe1mZshGULLcOL945OC2gpfhK2Grc3xDeTcpeHOyaTzw9UxH0Tzoo/s320/vigili4.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5186906678848396530" /></a><br /><br />Carta de despedida escrita pelo fundador do escutismo Baden Powell<br /><br />"Escoteiros: Se porventura vocês tiverem visto a peça "Peter Pan", deverão estar lembrados de que o chefe-pirata estava sempre fazendo o seu "discurso de moribundo", porque receava que, possivelmente, quando chegasse a hora de ele morrer, não tivesse mais tempo para dizer tais coisas. <br />Acontece quase a mesma coisa comigo e, assim, e embora neste momento eu não esteja morrendo - qualquer dia destes eu morrerei - , quero enviar a vocês uma palavra de despedida. Lembrei-me de que será a última vez que vocês ouvirão minhas palavras. Portanto, pensem bem nelas. Eu tenho tido uma vida muito feliz e quero que cada um de vocês também tenha uma vida feliz. Acredito que Deus nos colocou neste mundo alegre para que sejamos felizes e para gozarmos a vida. A felicidade não provém do fato de ser rico, nem meramente de ter sido bem sucedido na carreira; e, tampouco, de sermos indulgentes para com nós mesmos. Um passo na direção da felicidade é o de tornar-se saudável e forte enquanto se é ainda um jovem, de sorte que possa vir a ser útil e, dest'arte, gozar a vida quando for homem. <br />O estudo da natureza mostrará a vocês quão repleto de coisas belas e maravilhosas Deus fez o mundo para vocês gozarem. Alegrem-se com o que receberam e façam bom proveito disso. Olhem para o lado brilhante das coisas, ao invés do lado sombrio delas. Contudo, a melhor maneira de obter felicidade é proporcionar felicidade à outras pessoas. Tentem deixar este mundo um pouco melhor do que o encontraram e, quando chegar a vez de morrerem, possam morrer felizes com o sentimento de que, pelo menos, não desperdiçaram o tempo, mas sim fizeram o melhor que puderam. Estejam preparados, desta maneira, para viverem e morrerem felizes, sempre fiéis à Promessa Escoteira de vocês, até mesmo depois que deixarem de ser jovens - e que Deus os ajude a cumpri-la. Vosso amigo, Baden-Powell."Rui Melgãohttp://www.blogger.com/profile/05832363170434447839noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3848104186472638350.post-56228588825327609072008-04-07T08:38:00.000-07:002008-11-13T11:53:43.363-08:00Carta de Jean Vanier 2008<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhasdgHYS5n-IfNnUkaRL8Alt8W5cbX6ATupw6fivL6rOanzgdyNOPilPVZpYSN4-PcAmfzQk5TyS6xd1BBhOlFuz6JgwfNjlIPhrhl-T22cGoVMQlZ5nJLviefF2AezxACJ7Citp4ZqfA/s1600-h/001elie.2jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhasdgHYS5n-IfNnUkaRL8Alt8W5cbX6ATupw6fivL6rOanzgdyNOPilPVZpYSN4-PcAmfzQk5TyS6xd1BBhOlFuz6JgwfNjlIPhrhl-T22cGoVMQlZ5nJLviefF2AezxACJ7Citp4ZqfA/s320/001elie.2jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5186530693116337378" /></a><br />Queridos Amigos, <br /><br />Por ocasião dum retiro que dei na Lituânia, em Outubro passado, para os grupos de Fé e Luz e os que querem começar uma ARCA, houve uma mãe que deu um testemunho muito comovente.<br />Quando a sua filha nasceu com uma deficiência ela viu esse facto com um maldição. Quando, nos transportes públicos as pessoas olhavam para elas com curiosidade e, por vezes, com maldade, ela passava por momentos em que queria desistir de viver. Depois, um dia, entrou num Igreja onde viu um grupo de pessoas, das quais algumas tinham uma deficiência, felizes, rindo e dançando. Era uma comunidade de Fé e Luz. Na sequência desse encontro passou a frequentar empenhadamente uma comunidade Fé e Luz e aquilo que lhe tinha aparecido como uma maldição, tornou-se uma bênção.<br />Para muitos pais, a deficiência dos seus filhos, pode parecer uma maldição. Para muitas pessoas no nosso mundo a vida pode parecer uma maldição. O que é preciso para que uma maldição se torne uma bênção? Não é esta a questão central para todos<br />nós? Como podemos ajudar a criar comunidades que possam tornar-se fontes de bênçãos para quem se sente amaldiçoado?<br />Ouvimos cada vez mais falar das maldições que estão em risco<br />de afectar a nossa terra: maldições ecológicas e climáticas, terrorismo e guerras. Estes riscos aumentam, segundo parece, com o desenvolvimento industrial da China, da Ìndia e de muitos outros países que querem recuperar um atraso económico. Eles<br />vão precisar de muito petróleo (a China está a criar 40 novos aeroportos !) E todo esse petróleo vai produzir cada vez mais anidrido carbónico… Há como que uma corrida louca para o desenvolvimento que se arrisca a levar a humanidade para um<br />crise de dimensões nunca vistas... <br />maldição ?<br />Hélène Elsida, professora de economia e de teologia, dizia recentemente numa conferência pública que esta crise poderia tornar-se uma sorte grande para a humanidade! Esta maldição poderia tornar-se numa bênção. A corrida em direcção ao « mais » : mais energia, mais dinheiro, mais força, mais competição, mais produção,<br />vai levar-nos, dizia ela, « direitinhos contra a parede ». A solução não é procurar o « menos » : menos produção, menos salário etc., mas encontrar juntos soluções novas para mais humanidade. Não sabemos o quais serão essas soluções. Não serão fixadas à partida por algumas pessoas ou países com poder. Será algo inteiramente novo. Nascerão dum diálogo em que cada um não tentará defender os seus próprios<br />interesses, mas procurará apenas o bem da humanidade. Juntos e não em competição e luta, mas em diálogo franco e busca em comum, encontraremos soluções … soluções de paz.<br />E este solução implicará menos velocidade e mobilidade e mais interioridade; menos consumo e mais relações; menos técnica e mais humanização ; menos dispersão e mais unidade ; menos competitividade e mais comunidade; menos individualismo e mais partilha e vida conjunta.<br />..<br />Estamos em tempo de Natal, um ano novo começa. É um tempo em que queremos viver a paz. Celebramos o nascimento dum menino, o nascimento do Menino. O menino tão frágil, tão vulnerável, sem sistema de defesas, mas amado e protegido pelo amor dos seus pais. É preciso pôr-nos à escuta deste menino que fica maravilhado e<br />contempla, que nos ensina a brincar, a rir, a celebrar, a dançar, a descontrair, a gostar de nós, a dar-nos presentes a nós mesmos, a beijar-nos. Ensina-nos a ternura e a confiança, ensina-nos a humildade. Vamos construir juntos um mundo de<br />crianças e para as crianças onde haja menos competição e mais festa e dança. Jesus diz-nos que para entrar no Reino dos Céus temos que nos tornar como crianças. Também nos diz que se acolhemos um pequenino em Seu nome, acolhemos o próprio Deus. Sim, as crianças têm muito a ensinar-nos ! Entremos na brincadeira das crianças, na dança das crianças para podermos contemplar, amar-nos e rezar juntos ao nosso Pai do Céu. Hélène Elsida dizia : menos mobilidade e consumo e mais relação. Sinto-me feliz por estar no meu lar na ARCA e poder festejar e celebrar a vida junto com outros.<br />Já estou em Trosly há mais de 43 anos. É o meu lugar, a minha terra, mesmo se durante a minha vida viajei muito. É certo que na ARCA muitas coisas mudaram externamente. Estamos num mundo que valoriza a mudança.<br />É preciso sempre algo novo: novas máquinas, por vezes novos parceiros, novidades…, novidades… fartamo-nos do que é velho. Mas o essencial da comunidade permanece:<br />é a alegria das relações que duram há 20, 30, 40 anos. A Arca é o lugar da aliança, da fidelidade, da celebração, da vida em conjunto. Não é aqui que reside a bênção ?<br />Deus esconde-se nas crianças, nestas relações de ternura e de fidelidade e na comunidade que celebra. Ele é tão vulnerável, tão cheio de amor, tão humilde diante da nossa liberdade! E Deus é sempre novo. Faz tudo ficar novo.<br />Boa festa de Natal, bom anos novo. Alegro-me com as comunidades da ARCA e de Fé e Luz e tantas outras comunidades que colocam no coração as pessoas diferentes e fracas. Que este ano seja para todos um ano de bênção.<br />Gosto de citar este pequeno texto de Tagore e gostaria que se tornasse verdadeiro para mim.<br /><br /><em>Eu Te dou graças Senhor por a minha missão ser o estar com os deserdados que sofrem<br />e carregam o fardo dos poderosos, escondendo as suas faces e abafando os seus soluços na escuridão.<br />Pois cada pulsação da sua dor palpitou na secreta profundidade da noite<br />e cada insulto foi recolhido no Teu grande silêncio<br />E o amanhã pertence-lhes.<br />Ó Sol levanta-te sobre os corações que sangram, para que floresçam como a flor da manhã</em>(O cesto da fruta)<br /><br />Dou graças pela bênção da minha vida, dou graças por esta comunhão entre nós que me dá vida e<br />esperança. Sinto-me profundamente feliz na ARCA e em Fé e Luz. Obrigada pelos vossos postas de Natal<br />e pelos vossos votos, obrigada pelas vossas orações e por esta comunhão que me ajudam e me alegram.<br />Rezem por mim, para que possa continuar por este caminho que Jesus me oferece.<br />Jean Vanier<br />Carta de Jean Vanier, Ano Novo de 2008<br />Tradução: Fé Luz - PortugalRui Melgãohttp://www.blogger.com/profile/05832363170434447839noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3848104186472638350.post-60691073047669428872008-04-07T08:10:00.000-07:002008-11-13T11:53:43.903-08:00Comunidade<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjPMsV8MVjxWwydp71bmKPdvGMdeaBPUtV06VXfKwVciN0Hybseo2Fp5tARwKZXJaeEFHodw6IGdlLgW-ooxRjYdhELJK51H_RoAtm1U5eX7uJsG55xmDzi6YYWzEzZye5s6zx-t-f5DTQ/s1600-h/1261tz12_w-2.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjPMsV8MVjxWwydp71bmKPdvGMdeaBPUtV06VXfKwVciN0Hybseo2Fp5tARwKZXJaeEFHodw6IGdlLgW-ooxRjYdhELJK51H_RoAtm1U5eX7uJsG55xmDzi6YYWzEzZye5s6zx-t-f5DTQ/s320/1261tz12_w-2.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5186521506181291202" /></a><br />«Penso que, desde a minha juventude, nunca perdi a intuição de que uma vida em comunidade pode ser um sinal de que Deus é amor; só amor. Pouco a pouco crescia em mim a convicção de que era essencial criar uma comunidade de homens decididos a dar toda a sua vida, e que procurassem sempre compreender-se mutuamente e reconciliar-se: uma comunidade onde a bondade do coração e a simplicidade estivessem no centro de tudo.»<br /><br />(Irmão Roger, Deus só pode amar, pág. 40)Rui Melgãohttp://www.blogger.com/profile/05832363170434447839noreply@blogger.com0